sábado, 21 de março de 2015

Princípios da Medicina Ortomolecular - Parte 1


Como falamos no post anterior, a Medicina Ortomolecular foi idealizada por Linus Pauling nos anos 50, e percorreu uma longa trajetória desde então, com muitas idas e vindas.
Muito embora existam, hoje em dia, diversas "correntes" dentro da Medicina Ortomolecular, cada qual defendendo a sua própria visão da realidade, os princípios abaixo são auto-evidentes em si mesmos e perfeitamente coerentes com a melhor prática médica da atualidade e, por isso, podem nos servir de base para entender a que a abordagem terapêutica ortomolecular, bem como para avaliar se um determinado corrente ou prática que se diz ortomolecular na verdade o é. Achou útil? Então vamos lá:

Princípio número 1:

A Medicina Ortomolecular, sempre que possível, se vale de substancias que normalmente já se encontram presentes no corpo humano.





Como vimos, estas substâncias são vitaminas, sais minerais, lipídeos, aminoácidos, etc.  Como também já vimos no post anterior, os fitoterápicos, são comumente encontrados em associação a formulações ortomoleculares (principalmente os fitoterápicos com marcado poder antioxidante), mas não podem ser considerados "ortomoleculares" no sentido próprio do termo, pois não são encontrados naturalmente no corpo humano. 
Pauling acreditava que as substâncias já existentes no nosso organismo (ortomoleculares) eram preferíveis à substâncias (medicamentos) sintéticos e mesmo aos fitoterápicos, que estariam mais sujeitos a produzir efeitos colaterais indesejáveis.
Um mito, muito difundido em nosso meio, diz que os fitoterápicos, por serem derivados de plantas, seriam isentos de efeitos colaterais podendo ser utilizados "à vontade" - isso simplesmente não é verdade. Fitoterápicos podem produzir efeitos colaterais como qualquer medicamento sintético. 
Mesmo substâncias ortomoleculares, como vitaminas e sais minerais, podem produzir efeitos indesejáveis, e por isso devem ser utilizadas com muita cautela e, sempre que necessário, sob a orientação de um profissional especializado.  
Na época em que Pauling formulou os princípios da Medicina Ortomolecular achava-se que substâncias como a Vitamina C eram isentas de efeitos adversos - mesmo se ingeridas em grandes doses. Com o avanço da ciência, sabemos hoje que isso não é verdade e que mesmo uma substancia aparentemente inofensiva como a Vitamina C pode sim produzir efeitos adversos - inclusive câncer - se utilizada em doses elevadas de forma prolongada. Por isso, muitas vezes, a orientação de um profissional especializado é imprescindível.

Princípio número 2:

A melhor forma de introduzir as substâncias (ortomoleculares) necessárias ao equilíbrio bioquímico do organismo é pela dieta.


Certa vez, eu assisti uma reportagem com uma famosa global que se gabava de ingerir mais de 100 capsulas de suplementos por dia, prescritos por seu "médico ortomolecular". Na época, eu achei - e ainda acho - um verdadeiro absurdo. Se a pessoa tem que tomar 100 cápsulas por dia para se manter em equilíbrio, podemos afirmar, sem medo de errar, que existe algo de profundamente errado com a sua dieta. Como o próprio nome já diz, o propósito de qualquer estratégia de "suplementação" é suplementar os nutrientes obtidos através da dieta. Se uma pessoa ingere 100 capsulas ao dia ela está "se alimentando" de cápsulas e não de comida - o que não faz nenhum sentido a não ser que a pessoa fosse portadora de alguma doença crônica grave - o que não é o caso. Este é apenas um dos muitos absurdos que são propagados na mídia como sendo "ortomolecular" - e que de fato não o são.
Você não pode simplesmente suplementar "à força" um indivíduo - sem realizar quaisquer modificações de dieta e hábitos de vida - e esperar que mudanças ocorram como "mágica". Isto simplesmente não acontece e, qualquer alteração causada por esta suplementação forçada, durará apenas o tempo que durar a suplementação pois é algo artificial e sem qualquer sustentabilidade no organismo humano.
Não obstante, a busca da "pílula mágica" é algo que alimenta a fantasia de muitos pacientes, em parte motivados por reportagens com as envolvendo a acima citada global. Na minha opinião, este tipo de reportagem presta um desserviço à sociedade pois coloca como "exemplo" um padrão de comportamento totalmente desconectado da realidade. 

Princípio número 3:

A suplementação deve estar sempre acompanhada de modificações no estilo de vida e na dieta.


Como falamos acima, não existe "pílula mágica", mas sempre existirão pessoas em busca de uma e pessoas querendo lhe vender uma - então é preciso ter atenção redobrada sobre tudo que lemos na mídia a respeito de soluções fáceis para problemas que estão por aí há décadas - como, por exemplo, a epidemia de obesidade que acomete o mundo moderno. Evidentemente, se existissem soluções "mágicas" para este problema ele já estaria resolvido por agora e você não veria uma única pessoa acima do peso na rua. Os hospitais se esvaziariam - pela diminuição da carga de doenças associadas á obesidade, como diabetes, hipertensão arterial, síndrome metabólica, etc. - e, por consequência, os problemas do SUS e dos planos de saúde privados acabariam. 
IMPORTANTE: o fato não existirem soluções "mágicas" não significa que não existam soluções ou que estas soluções sejam necessariamente "difíceis". Costumo dizer que qualquer processo de mudança é difícil se não existir a decisão de mudar. Sem esta decisão, que só pode partir do próprio paciente, quaisquer dietas, suplementos, treinos, etc. serão em vão. Existindo a decisão de mudar e a motivação apropriada, tudo se torna muito mais fácil.

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Este post continua em Princípios da Medicina Ortomolecular - Parte 2


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Um comentário:

  1. Gostaria de acreditar q a alimentação correta viesse a ser a única prioridade na manutenção da saúde...uma alimentação livre de grãos, de alimentos inflamatórios e rica em nutriente..o pró lema é ao alimento de hj é bem empobrecido e deixa a desejar.

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